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Abrir ou não abrir o baralho: Eis a questão!

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Muitos colecionadores ficam espantados quando digo que abro todos os baralhos da minha coleção! Descobri que muitos "colecionadores" atuais de baralhos mantêm seus maços impecavelmente fechados e lacrados, como são encaminhados pelos fabricantes.

A pergunta que sempre faço é: mas vocês são colecionadores de baralhos ou de caixas de baralhos? Sim, porque ao manter o estojo lacrado estão perdendo o "crème de la crème" do produto que (na minha opinião) pretensamente colecionam. Afinal, a maioria dos baralhos editados atualmente são quase obras de arte do desenho gráfico, com figuras, ases, curingas, dorsos e mesmo cartas numerais, com concepções inéditas e, na maioria dos casos, muito bonitas. 

Não há dúvida que o desenho dos estojos também completa tudo isso, mas não podemos esquecer que o estojo é apenas a embalagem do produto e não sua essência! Talvez uma suculenta "cereja do bolo", mas não esqueçamos que o bolo é que nos oferece mais material para saborear.

Mas qual a razão dessa prática? Dizem que uma delas é conservar o produto como um investimento que se valorizará e, no futuro, poderá alcançar preços que justificam a manutenção do maço fechado. Não se pode esquecer, dizem eles, que alguns baralhos se esgotam rapidamente nos sites em que são lançados e, como nos lançamentos primários de ações de empresas, entram em um mercado secundário aonde os preços chegam a dobrar após uma semana do lançamento.

Isto é, realmente, uma verdade. As modernas técnicas de lançamento levam atualmente a uma valoração muito rápida de qualquer produto, e baralhos não são exceções. Um caso que acompanhei de perto foi o lançamento do baralho Artifice em sua versão com dorso vermelho: oferecido no site do editor (Ellusionist) em 26 de julho de 2011, com o preço de US$ 6.99, teve sua venda esgotada em poucas horas, após várias "quedas" do site, pelo volume elevado de acessos. Três dias depois o baralho era oferecido na eBay por US$100.00! Uma valorização de 1330% em apenas três dias! Nada mal como investimento... 

 Mas minha experiência acompanhando esses lançamentos, desde que os primeiros baralhos fancy editados por Ellusionist foram lançados em 2004, mostra que essa "euforia" das primeiras semanas nem sempre leva a preços sempre crescentes. Muitas vezes o valor se estabiliza e, com o tempo, novos lançamentos obscurecem o daquela peça, e a valoração de longo prazo não é tão maior do que o valor do lançamento primário, a ponto de justificar manter o desenho das cartas "obscuro" em um estojo lacrado. O Artifice red back, que mencionamos, pode hoje ser comprado até por cerca de US$40.00, na própria eBay! Ainda valorizado, mas sem dúvida decrescentemente. Além disso, nem sempre um item ofertado na eBay é realmente adquirido. Há vários itens que não são vendidos quando não atendem a um valor mínimo estabelecido pelo ofertante.

Outra justificativa para não abrir os estojos é daqueles que dizem gostar de suas coleções "pristine", ou seja, como de fábrica, imaculadas. Também uma razão que encontramos em colecionadores de outros objetos. Mas refaço aqui o que já disse: vocês colecionam baralhos ou estojos de baralhos?

Dizem que os desenhos podem ser vistos nos sites dos editores, fabricantes ou lojas que comercializam esses exemplares. Ou com colecionadores "menos escrupulosos" que violam as sacrossantas embalagens expondo seu interior de forma quase impudica! Também verdadeiro, mas limitado. Raramente todas as cartas são ilustradas em propagandas e resenhas. E perde-se o efeito que o conjunto do desenho exerce em quem o vê. E seu amigo inescrupuloso nem sempre está com o baralho disponível na hora que você quer saber se aquele novo desenho é inédito ou similar ao que já foi editado. Ou se o exemplar que tem apresenta aquele pequeno defeito encontrado em alguns ases de espadas que faz, isso sim, que talvez sua peça seja premiada e valha muito mais que outras similares...

Sabendo desse "estilo" de colecionar baralhos, muitos fabricantes não produzem mais em suas instalações os estojos dos produtos que fabricam. Há hoje produtores especiais desses estojos, como a Gambler's Warehouse, com sede no estado do Texas, Estados Unidos. Nada demais nisso, mas essa prática tem levado a que alguns novos baralhos, internamente, apenas reproduzam os desenhos clássicos dos fabricantes regulares (especialmente as figuras usadas pela USPC), algumas vezes com pequenas variações na coloração das figuras, repetindo as cartas numerais, eventualmente com desenhos inéditos apenas para curingas e ases de espadas. E isso acaba empobrecendo a criatividade de muitos novos exemplares que se tornam, lamentavelmente, apenas um estojo envolvendo cartas comuns.

Investir em objetos de coleção em condição "mint" (como fabricados) é comum em outras coleções, de variados objetos. O que temos que decidir é: somos colecionadores ou investidores? Muita gente dirá: as duas coisas! O que faz sentido. Se você coleciona seriamente, tem suficiente conhecimento sobre o objeto de sua coleção a ponto de conhecer o quanto eles valorizam e como o mercado absorve essas valorações. Manter peças como novas pode ser melhor do que muitos investimentos financeiros.

Mas, em minha opinião, o colecionador "raiz" também deseja apreciar os detalhes de seu objeto de coleção. Para conciliar os dois legítimos objetivos, minha recomendação seria a de, no caso de baralhos que aparentam vir a ser (ou já são!) muito valorizados com o tempo, adquirir mais de um exemplar. Abra um deles e se deleite com seu desenho gráfico! E mantenha outros exemplares como investimento futuro. Fechadinhos em seus estojos, bem guardados em local seguro, evite serem amassados, rasgados, danificados de alguma forma; deve evitar também serem expostos a luz solar, para não terem suas cores esmaecidas. Porque não basta estarem em estojos lacrados; têm que se apresentar como saíram originalmente das fábricas. Só assim terão a (eventual) valorização esperada.

Minha visão de abrir todos os baralhos está no meu objetivo como colecionador. Gosto de baralhos e também gosto de desenho gráfico. Minha coleção é uma fonte de dados básica para estudar e entender melhor o baralho tanto nas suas características físicas e históricas como de desenho. Tudo que estudo e eventualmente publico em trabalhos é baseado, principalmente, na análise de peças da minha coleção, quase sempre comparativamente. Ter uma coleção extensa e "utilizável" é para mim mais importante que mantê-la pristine.

Se isso, eventualmente, pode desvalorizar algumas peças, é um problema para meus sucessores. Por hora, aproveito dos prazeres pequenos, mas constantes, que apreciar e estudar esses fantásticos objetos me trazem há muitos anos!

Texto de Cláudio Décourt (Ruberdec)

Coleção USPCC

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comentários


  • koji libera a faquinha na loja, pf nunca te pedi nada!

    natylopes em
  • os únicos baralhos que eu guardo lacrado são os assinados, pelo valor sentimental

    Michel em
  • 💯💯💯💯💯

    mayra em
  • os meus estão otodos abertos pq eu não aguento!

    sws:santos em
  • “Por hora, aproveito dos prazeres pequenos, mas constantes, que apreciar e estudar esses fantásticos objetos me trazem há muitos anos!” finalizou com chave de ouro meu caro!

    Augusto em
  • também acho que o ideal é ter duas unidades, mas dependendo do modelo fica difíci 💸💸💸 kkk

    julio_dias em
  • Gostaria de deixar o meu relato. Comecei a colecionar baralhos recentemente, pouco mais de 1 ano. Sempre que possível compro 2 unidades…. Não tenho a intenção de ganhar dinheiro vendendo baralhos, mas alguns modelos mais valiosos acabam servindo como moeda de troca para baralhos que ainda não tenho na minha coleção =)

    Marta Nishizawa em
  • @Anderson Abreu eu tbmmm! hahahaha

    pedrom em
  • Koji, faz duas camisetas uma “colecionador raiz” e outra “colecionador nutella” HUAhuhUH

    MadisonBR em
  • Boaaaa! Eu guardava alguns sem abrir, mas depois dessa leitura acho que vou mudar de ideia

    Anderson Abreu em


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